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  Fronteiras (in)visíveis: dinâmicas sócio-culturais entre aldeamentos indígenas e populações vizinhas.
   
 

Me. Franciele Araujo - SEED
Me. Rudy Nick Vencatto - UNIPAR - Doutorando em História – UFSC

Resumo: Ao tomar como perspectiva de análise histórica as alteridades e dinâmicas socioculturais vividas entre os diferentes grupos humanos, deparamo-nos com espaços constituídos por processos históricos permeados por tensões, enfrentamentos, debates, negociações, constituindo também, identidades em disputa. Ao lançar o olhar atento e reflexivo para estas relações, se torna possível compreender esta rede de significados, construída e imbricada que os sujeitos históricos constituem e se constituem em sua prática social. Assim, este simpósio tem como objetivo promover discussões entre pesquisadores que contemplem em seus trabalhos reflexões que problematizam as relações (re)constituídas entre populações indígenas e não indígenas na sociedade contemporânea.

Justificativas e objetivos: Tendo em vista o processo de ocupação do território brasileiro ocorrido a partir do século XVI, podemos vislumbrar diferentes discursos que foram sendo produzidos ao longo de conjunturas socioculturais e econômicas variadas. Neste percurso, os aspectos que compunham identidades eurocêntricas foram tomados enquanto hegemônicos e delinearam sentidos que desqualificaram as populações indígenas. Perceber os discursos fixados na memória significa olhar para a esfera social, pois, assim como Beatriz Sarlo contempla em sua análise, os discursos não pairam sobre as relações humanas, eles são também ação no processo histórico. Cabe ao historiador, neste sentido, analisar através das fissuras os elementos que entram em choque estabelecendo tensões que se constituem enquanto realidades destes sujeitos.
Com a expansão das fronteiras agrícolas e o processo de ocupação das fronteiras nacionais estimulados a partir da década 1930, muitos aldeamentos indígenas tiveram seus espaços territoriais redefinidos, quando não, migraram para países vizinhos ou alteraram seus costumes adaptando-se a novas formas de sobrevivência. Neste movimento, os aldeamentos passaram a se tornar espécies de ilhas em meio a expansão agropecuária, tornando-se muitas vezes, dependentes das populações que passaram a crescer em seu entorno.
Para Evaldo Mendes da Silva, antropólogo que problematiza movimentos migratórios indígenas no Paraná, a expansão agrícola e urbana que coloca em choque estes grupos humanos não é algo presente em uma dada região geográfica do país. Esta por sua vez, trata-se de um processo mais amplo que se difundiu e ainda encontra-se em transformação por várias partes do território nacional e até mesmo internacional, tendo em vista, que nas regiões fronteiriças entre Brasil e outros países, as populações indígenas estão em constante movimento. Desta forma, faz-se necessário compreender como estas relações e tensões são vividas nestes espaços que englobam diferentes conjunturas sociais.
Seja através do trabalho nas lavouras dos agricultores circunvizinhos, na venda de artesanatos nos espaços urbanos, mendigando, reivindicando direitos ou entre outras relações sociais que são estabelecidas, existe um contato humano que coloca indígenas e não indígenas em enfrentamentos, proporcionando muitas vezes, tensões e/ou momentos de entendimento e aceitação do outro. Estas dinâmicas socioculturais, em alguns casos, acaba criando fronteiras (in)visíveis entre os diferentes sujeitos, com culturas e modos de viver distintos.
Através de reflexões entre pesquisadores que procuram analisar as populações indígenas em contato com o outro, como também, os não indígenas em contato com estes, o simpósio vislumbra, proporcionar aos participantes, contribuições positivas que lhes permitam ampliar sua visão historiográfica acerca do tema em questão. Neste sentido, compreender como estas dinâmicas não só constituem o individuo, mas também são frutos das relações entre ambos, coloca-se como objetivo desta proposta de trabalho.

Referências Bibliográficas:
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GRUPIONI, Luís D. B.; VIDAL, Lux B.; FISCHMANN, Roseli (orgs.). Povos indígenas e tolerância: construindo práticas de respeito e solidariedade. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001.
PORTELLI, Alessandro. Ensaios de História Oral. Tradução Fernando Luiz Cássio e Ricardo Santhiago. São Paulo: Letra e Voz, 2010.
SARLO, Beatriz. Um olhar político em defesa do partidarismo na arte. Paisagens imaginárias: Intelectuais, Arte e Meios de Comunicação. São Paulo, 1997.
SILVA, Evaldo Mendes. Folhas ao vento a micromobilidade de grupos Mbya e Nhandéva (Guarani) na Tríplice Fronteira. Rio de Janeiro, UFRJ, 2007.
SILVA, Tomaz Tadeu da (org); HALL, Stuart; WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
RIBEIRO, Sarah I. G. T.. Etnicidade e reelaboração do nós: a contínua construção do ser Guarani. In: Espaço Plural. UNIOESTE, 2007. VENCATTO, Rudy Nick. “Mas com isso a gente começou duas vezes no meio do mato”: memórias dos desapropriados do Parque Nacional do Iguaçu (Oeste do Paraná, 1970-2009). UNIOESTE, 2010.

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CRONOGRAMA

27/03 a 14/05: inscrições de propostas de simpósios temáticos

21/05: divulgação das propostas de simpósios temáticos aprovadas

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