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  Fronteiras historiográficas e a história local.
   
 

Me. Sandra Cristina Donner – doutoranda UFRGS
Me. Arnaldo Haas Júnior – doutorando UFSC

Resumo: Michel de Certeau concebe a História como uma operação pautada na relação entre um lugar de fala, procedimentos de análise e a construção de um texto (Certeau: 1982). Com efeito, uma operação historiográfica se processa quando da escrita da história, não se restringindo apenas ao campo de produção acadêmico. Por exemplo, a história local ou historiografia local, pode ser tomada como campo de análise, pois, quando elaborada por historiadores acadêmicos dá margem à emergência de contatos e fronteiras devido ao seu papel periférico em relação às discussões tidas como de cunho nacional; e quando produzida por diletantes, encontra limites e ruídos na sua relação com os métodos acadêmicos. Partindo disso, pretendemos criar um espaço para reflexão sobre a produção da pesquisa histórica enfocando as noções de centro e periferia, geral e local, nacional e regional, assim como os delineamentos das atividades desenvolvidas por profissionais e amadores, em suas respectivas clivagens e fronteiras.

Justificativa e objetivos: O alcance dos livros de história dos municípios, das regiões, é bastante significativo. Materiais dessa natureza são utilizados em escolas como suportes didáticos ou como um manual e, não raro, são relembrados em festas e datas comemorativas locais/regionais, pois contém em suas páginas o registro de muitos dos mitos de fundação da cidade e/ou povoado. Durante muito tempo a elaboração dessas obras esteve ao encargo de indivíduos cuja escrita se processava a margem dos condicionamentos acadêmicos, da historiografia dita profissional. Atualmente este cenário vem sofrendo mudanças, com o aumento dos cursos de graduação em História profissionais formados voltam à sua “província” e lá atuam como historiadores na área da história local. Além disso, o desenvolvimento do turismo criou um nicho de mercado para os historiadores com a valorização da história através de museus ou parques com temáticas remetendo ao passado. Mas é possível ir mais longe.
Na área acadêmica, existem pesquisas com “recorte local”. De imediato, o foco no local traz discussões sobre a relação entre história local e Micro-História. A História Local dos cronistas, dos amadores, normalmente fechada em uma coleção de “fatos históricos”, curiosidades e está longe da micro-história, mas, os estudos em história local desenvolvidos por acadêmicos, ou por pesquisadores amadores dentro das “regras” da pesquisa histórica se aproximam da perspectiva micro-analítica. Serna e Ponz (2007), partem de uma redução na escala de observação, com o objetivo de desvelar a densa rede de relações que fazem parte das ações humanas.
Sendo assim, a proposta deste Simpósio Temático é trazer à tona as diversas discussões sobre a história local e os recortes locais na pesquisa historiográfica. Em um espectro de discussões cujas temáticas são as Fronteiras e Identidades, cabe pensar quais as fronteiras e as clivagens entre as distintas formas de se conceber/escrever as histórias locais, os limites encontrados pela pesquisa histórica quando da escolha de um tema local, bem como os aspectos teórico-metodológicos que lhes são concernentes. Dentre outros questionamentos que pretendemos levantar/explorar, temos em mente: quais as fronteiras entre o trabalho acadêmico e o de amadores, cronistas, diletantes, que pesquisam sobre a temática local em seus municípios? Quais os pontos de contato possíveis? Sabemos que a história local, ao apresentar versões sobre o passado e a memória local produz identidades/identificações e suscita o sentimento de pertença, o que nos permite questionar: como os trabalhos acadêmicos se posicionam em relação a esta questão? Em que medida o recorte local influencia ou é influenciado por uma determinada concepção de identidade e de memória? Em todos os casos, trata-se de indagar sobre as pesquisas/escritas que incidem sobre o passado e sobre seus respectivos usos, bem como, lembrando uma vez mais de Michel de Certeau, sobre os lugares sociais de fala a partir dos quais estes são acionados.

Referências bibliográficas:

CERTEAU, Michel. A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.
DIEHL, Astor Antônio. Cultura Historiográfica, Memória, Identidade e Representação. Bauru: Edusc, 2002.
FRADKIN, Raul. Poder y Conflito Social em el Mundo Rural: notas sobre las Possibilidades de la História Regional. In: FERNANDES, Sandra e DALLA CORTE, Gabriela. Lugares para la História- espacio, história regional e historia local em los estúdios contemporâneos
FERNANDEZ, Sandra. Más Allá del território- La historia regional y local como problema discusiones, balances y proyeciones. Rosário, Prohistoria, 2007.
GOUBERT, Pierre. “História Local” in História & Perspectivas, Uberlândia, 6-45-47, Jan/Jun 1992, p.45
NEVES, Erivaldo Fagundes. História Regional e Local: fragmentação e recomposição da História na crise da modernidade. Feira de Santana, editora Arcádia, 2002.
REVEL, Jacques. Jogos de Escalas: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: FGV, 1998.
SERNA, Justo Y PONS, Analcet. En su lugar. Una reflexión sobre la historia local y el microanálisis.  In: FERNANDES, Sandra e DALLA CORTE, Gabriela. Lugares para la História- espacio, história regional e historia local em los estúdios contemporâneos
__________________________Mas cerca, mas denso. La Historia local y sus metáforas. In: FERNANDEZ, Sandra. Más Allá del território- La historia regional y local como problema discusiones, balances y proyeciones. Rosário, Prohistoria, 2007.
TERRADAS Y SABIRUT, Ignasi. La Historia de las Estruturas y la Historia de la Vida. Reflexiones sobre las Formas de Relacionar la Historia Local y la Historia General. In: In: FERNANDES, Sandra e DALLA CORTE, Gabriela. Lugares para la História- espacio, história regional e historia local em los estúdios contemporâneos

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CRONOGRAMA

27/03 a 14/05: inscrições de propostas de simpósios temáticos

21/05: divulgação das propostas de simpósios temáticos aprovadas

Cronograma completo