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  Por uma história social das instituições e profissões - fronteiras e identidades dos campos sociais através das atividades ocupacionais e profissionais a partir da história do Conesul (Séculos XIX e XX).
   
 

Me. Marcelo Vianna - Doutorando História PUCRS
Me. Julia da Rosa Simões - Doutoranda História UFRGS

Resumo: Uma forma de construção da história social em suas diferentes escalas se dá através do estudo dos processos de distinção e especialização das atividades humanas ao longo do tempo. Fruto da transformação proporcionada pelo desenvolvimento do Estado Moderno e do capitalismo, as progressivas especializações dessas atividades foram sendo consagradas pelo estabelecimento de uma série de ocupações, profissões e ofícios – que no Cone Sul tomariam vulto a partir do século XIX. Surgiram advogados, burocratas, médicos, músicos, escritores, cineastas, sociólogos, políticos, atletas, empresários, operários especializados, entre outros, que, organizados, estabeleceram estratégias para ofertar seus saberes à sociedade. Tais grupos mobilizavam seus pares e o Estado, para a obtenção de benefícios, e criavam associações e entidades, que por sua vez constituíam espaços de reprodução de identidades e demarcavam as fronteiras de seus campos de atuação. Assim, este simpósio pretende reunir pesquisas que proponham uma história social de instituições e grupos sociais, por exemplo contemplando trajetórias, perfis biográficos e ações desses agentes no meio social.

Justificativa e objetivos: O objetivo deste simpósio temático é reunir esforços e pesquisas (que se encontram um tanto dispersas) que contemplem o estudo de grupos sociais que se dedicam a uma atividade ocupacional e que lutam pela diferenciação de suas atividades, pautadas em saberes específicos e reguladas por seus pares. Assim, abre-se a oportunidade para a participação de pesquisas que – em âmbito regional, nacional, nos séculos XIX e XX – pretendam conhecer o perfil desses grupos sociais e suas formas de auto-organização, bem como sua capacidade de erigir e fazer respeitar barreiras para a entrada em seu campo de atividade (através do reforço da identidade do grupo e da distinção em relação aos demais). Pelo estudo da atuação desses grupos, podem-se perceber elementos de convergência e divergência em relação aos pares, a outros agentes sociais e instituições, ao Estado e à sociedade, assim como podem-se perceber estratégias e táticas de atuação – como a formação de associações de classe e de mobilizações corporativas, como o uso da imprensa ou a participação na burocracia estatal.
A temática é justificada pela sólida construção teórica de outras áreas acadêmicas em estudos sobre ocupações, profissionalização e construção de campos sociais, que aos poucos vem sendo incorporada às pesquisas históricas. Ela pode ser localizada em uma sociologia das profissões – Eliot Friedson (1998) e Magali Larson (1977) –, mas também nos esforços de Pierre Bourdieu (2008), Christophe Charle (2006), Monique de Saint Martin (1980), Loïc Wacquant (2006), além de Norbert Elias (2001). No Brasil, uma perspectiva crítica iniciada nos anos 1970 com os trabalhos de José Murilo de Carvalho (elite política, burocrática e jurídica imperial), Sergio Miceli (intelectuais da República Velha) e Edmundo Coelho (advogados, engenheiros e médicos do início do século XIX até 1930), ganhou força a partir dos anos 1990 através de uma série de análises produzidas pela Sociologia, pela Ciência Política e pela História (BONELLI, 2005; CODATO, 2008; GRIJÓ, 2005; HEINZ, 2009; SEIDL, 2003) – que contemplavam não apenas as ocupações típicas da elite regional e nacional (como os políticos e as profissões ditas liberais) e suas instituições, mas também aqueles que se dedicavam a atividades nos campos cultural e acadêmico (como músicos, escritores, sociólogos) e/ou que não se configuravam em ocupações tidas como profissionais em sentido estrito (LORENZO, 2011; MARTINS, 2011; MONTEIRO, 2006). Enfim, este simpósio configura-se como uma tentativa de trazer novas contribuições à história social e de incentivar o uso de diferentes métodos em sua construção.

Referências bibliográficas
BONELLI, Maria da Gloria. Ideologias do profissionalismo em disputa na magistratura paulista. Sociologias, Jun 2005, no.13, p.110-135.
BOURDIEU, Pierre. A Distinção: crítica social do julgamento. São Paulo: EDUSP, 2008.
CARVALHO, José Murilo de. A construção da ordem/teatro de sombras. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
CHARLE, Christophe. Les élites de la republique (1880-1900). 2.ed. Paris: Fayard, 2006.
Codato, Adriano. A formação do campo político profissional no Brasil: uma hipótese a partir do caso de São Paulo. Rev. Sociol. Polit., Jun 2008, vol.16, no.30, p.89-105.
COELHO, Edmundo C.  As profissões imperiais: Medicina, Engenharia e Advocacia no Rio de Janeiro (1822-1930). Rio de Janeiro: Record, 1999.
ELIAS, Norbert. Estudos sobre a gênese da profissão naval: cavalheiros e tarpaulins. Mana, Abr 2001, vol.7, no.1, p.89-116.
FREIDSON, Eliot. Renascimento do profissionalismo. São Paulo: Edusp, 1998.
GRIJÓ, Luiz Alberto. Ensino Jurídico e Política Partidária no Brasil: a Faculdade de Direito de Porto Alegre (1900-1937). Rio de Janeiro: UFF, 2005.
HEINZ, Flavio M. Positivistas e republicanos: os professores da Escola de Engenharia de Porto Alegre entre a atividade política e a administração pública (1896-1930). Revista Brasileira de História, Dez 2009, vol.29, no.58, p.263-289.
LARSON, Magali S. The rise of professionalism: a sociological analysis. Berkeley: UCLA Press, 1977.
LORENZO, Ricardo De. O campo cinematográfico no Rio Grande do Sul: formação e consolidação. São Paulo: ANPUH, 2011 (Comunicação XXVI Simpósio Nacional de História)
MARTINS, Jefferson Teles. O pensamento histórico e social de Jorge Salis Goulart: uma incursão pelo "campo" intelectual rio-grandense na década de 1920. Porto Alegre: PUCRS, 2011.
MONTEIRO, Lorena M. A estratégia dos católicos na conquista da Sociologia da UFRGS (1940-1970). Porto Alegre: UFRGS, 2006.
MICELI, Sergio. Intelectuais à brasileira. São Paulo: Cia das Letras, 2001.
SAINT MARTIN, Monique de. Une grande familie. Actes de la recherche en sciences sociales, Année 1980, Volume 31, Numéro 1. p. 4 – 21
SEIDL, Ernesto. A elite eclesiástica no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2003 (Tese de doutorado em Ciência Política).
WACQUANT, Loïc. Mapear o campo artístico. Sociologia, Maio 2005, no.48, p.115-121.

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CRONOGRAMA

27/03 a 14/05: inscrições de propostas de simpósios temáticos

21/05: divulgação das propostas de simpósios temáticos aprovadas

Cronograma completo