INÍCIO | APRESENTAÇÃO | CRONOGRAMA | INSCRIÇÕES | PROGRAMA | CONFERÊNCIAS | MESAS REDONDAS | SIMPÓSIOS TEMÁTICOS | PELOTAS | CONTATO  

 

 

 
Das fronteiras coloniais às identidades indígenas na América meridional
.
   
 

Dr. Artur Henrique Franco Barcelos – FURG
Dr. Eduardo dos Santos Neumann – UFRGS

Resumo: Nos últimos anos os novos debates na historiografia, amparados pelos subsídios provenientes da pesquisa em arquivos, têm enfatizado o papel desempenhado pelos indígenas enquanto agentes sociais, privilegiando as estratégias adotadas frente às situações de conflitos e o seu papel como mediadores culturais. A partir desse enfoque os pesquisadores começaram a prestar mais atenção ao caráter relativo das categorias e da constituição das identidades indígenas tanto no período colonial como no de formação dos estados na América. Debate no qual o termo “etnogênese” e “etnificação” ganha novos sentidos quando pensado enquanto articulação entre processos endógenos de transformação e processos externos introduzidos pelo colonialismo.
Em grande medida, as etnias ameríndias são produções coloniais, resultado de interações sócio-culturais e a visão que tínhamos dessas formações sociais necessitaram ser dinamizadas e as perspectivas ahistóricas e arcaizantes descartadas. Assim, a mudança de visão a respeito do mundo indígena também implicou em uma retomada da problemática da fronteira, revelando aspectos outrora desconhecidos das transformações operadas nas sociedades indígenas inscritas nesses espaços abertos, nas áreas limítrofes entre os Impérios Ibéricos na América. Enfim, o mundo indígena não foi um receptor passivo das políticas e iniciativas que emanavam da sociedade envolvente, muito pelo contrário, foi capaz de elaborar respostas e gerar ações e atitudes próprias.

Justificativa e objetivos:
Nas últimas décadas, a história indígena tem alcançado um significativo crescimento, tanto no continente americano em geral, quanto no Rio Grande do Sul em particular. Pesquisadores brasileiros e estrangeiros têm oferecido novos enfoques, os quais vêm sendo desenvolvidos em colaboração e com aportes de outras áreas do conhecimento, tais como a Antropologia, a Arqueologia, a Sociologia, a Lingüística, entre outras. Por outro lado, os Programas de Pós-Graduação nacionais e regionais possuem linhas de pesquisas específicas ou pesquisadores dedicados à História Indígena, o que tem proporcionado aos mestrandos e doutorandos a oportunidade de desenvolver estudos inéditos, abordando questões pouco ou ainda não trabalhadas sobre o passado indígena. Nos últimos anos, um número crescente de pesquisadores tem se dedicado justamente aos contextos coloniais e aos temas ligados a visibilidade e/ou invisibilidade na historiografia. Igualmente, tem crescido o interesse por grupos indígenas cujas identidades apontam para sua construção a partir dos contatos coloniais, resultando em complexos processos de construções históricas, que permitem verificar a agência indígena e sua inserção nas sociedades em formação. Diante deste quadro, as discussões acerca das construções identitárias, dos processos de etnogênese e etnificação, bem como das distintas fontes que cada vez mais vem sendo utilizadas é necessária e pertinente. Este simpósio visa justamente reunir os pesquisadores da temática da História Indígena para uma discussão sobre as abordagens constituídas para o estudo de sociedades indígena sem contextos de fronteiras coloniais, apontando para os processos acima aludidos, bem como para as fontes utilizadas, seus limites e possibilidades, e o intercâmbio teórico e metodológico com outras áreas.

Bibliografia
ALMEIDA, Ma  Regina Celestino. Os índios na História do Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV,2010.
------.  Metamorfoses Indígenas: identidade e cultura nas aldeias coloniais do Rio de Janeiro. RJ: Arquivo Nacional, 2003 (Capítulo 3, pp. 129-185).
----. “Os índios aldeados: histórias e identidades em construção”. TEMPO, Rio de Janeiro, v.6, n.12, jul, 2001. n.12, pp.51-71.
BOCCARA, Guillaume. “Génesis y estrutura de los complexos fronterizos euro-indígenas. Repensando los márgenes americanos a partir (y más allá) de la obra de Nathan Wachtel”,   Memoria Americana 13- Año 2005, pp. 21-52.
POLONI-Simard, Jacques. “Historia de los indios en los Andes, los indígenas en la  historiografia andina: análisis y propuestas”,  Anuario del IEHS 15,2000,  pp. 87-100;
OLIVEIRA Filho, João Pacheco de. “A problemática dos  'Índios misturados’ e os limites dos estudos americanistas: um encontro entre antropologia e história”, Ensaios em Antropologia Histórica. Rio de Janeiro: Editora UFRJ,1999, pp.99-123.
FARAGE, Nádia. As Muralhas dos Sertões: os povos indígenas do rio Branco e a colonização, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991 (Capítulo 4: Os aldeamentos no rio Branco, pp.121-168).
GARCIA, Elisa F. As diversas formas de ser índio: políticas indígenas e políticas indigenistas no extremo sul da América Portuguesa. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2009. (Capítulos a  definir)
BRACCO, Diego. Charrúas, guenoas y guaraníes: interacción y destrucción. Indígenas  en  el Río de la Plata. Montevideo: Linardi y Risso, 2003.
CARVALHO, Jr. Almir Diniz de. Índios cristãos: a conversão dos gentios na Amazônia portuguesa (1653-1769). Campinas, SP, 2005 (Tese de doutorado).
CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras/Secretaria Municipal da Cultura: FAPESP,1992.
CUNHA, Manuela Carneiro da. “Imagens de índios do Brasil: o século XVI”, in Estudos Avançados, 4(10), pp. 91-110.
GRUZINSKI, Serge.  La colonización de lo imaginario: sociedades indígenas y occidentalización en el México español: siglos XVI-XVIII. México: Fondo de Cultura Económica, 1991.
----. O pensamento mestiço. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
HAUBERT, Máxime. Índios e jesuítas no tempo das missões- séculos XVII e XVIII. São Paulo: Companhia das Letras: Circulo do Livro, 1990.
KERN, Arno Alvarez. Missões: uma utopia política. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982.
LOPEZ MAZZ, José M & BRACCO, Diego. Minuanos: apuntes y notas para la historia y la arqueologia del território Guenoa-Minuan. Montevideo: Linardi y Risso, 2010.
MARTINS, Maria Cristina Bohn. Sobre festas e celebrações: as reduções do Paraguai (Séculos XVII e XVIII). Passo Fundo: Ed Universidade de Passo Fundo: Porto Alegre:ANPUH, 2006.
MONTEIRO, John Manuel. Negros da Terra: índios e bandeirantes na origem de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
----. Tupis, tapuias e historiadores. Tese de livre docência. IFCH-Campinas, 2001.
WILDE, Guillermo. Religión y poder en las misiones de guaraníes. Buenos Aires: SB, 2009.

[voltar]


 
 
CRONOGRAMA

27/03 a 14/05: inscrições de propostas de simpósios temáticos

21/05: divulgação das propostas de simpósios temáticos aprovadas

Cronograma completo