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Lendas do Sul
O negrinho do pastoreio
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A peonada bateu o campo, porém ninguém achou a tropilha e nem rastro.
Então o senhor foi ao formigueiro, para ver o que restava do corpo do escravo.
Qual não foi o seu grande espanto, quando chegado perto, viu na boca do formigueiro o Negrinho
de pé, com a pele lisa, perfeita, sacudindo de si as formigas que o cobriam ainda!... O Negrinho, de
pé, e ali ao lado, o cavalo baio e ali junto a tropilha dos trinta tordilhos... e fazendo-lhe frente, de
guarda ao mesquinho, o estancieiro viu a madrinha dos que não a têm, viu a Virgem, Nossa
Senhora, tão serena, pousada na terra, mas mostrando que estava no céu... Quando tal viu, o
senhor caiu de joelhos diante do escravo.
E o Negrinho, sarado e risonho, pulando de em pêlo e sem rédeas; no baio, chupou o beiço e
tocou a tropilha a galope.
E assim o Negrinho pela última vez achou o pastoreio. E não chorou, e nem se riu.
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