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Cancioneiro guasca
O pica-pau
Pica-pau que fura pau,
Do pau fez hoje um tambor,
Para tocar a alvorada
Na porta do nosso amor.
Pica-pau do mato virgem
Tem catinga no sovaco;
De dia, pica no pau,
De noite, no seu buraco.
Pica-pau do campo raso
Tem catinga de urubu;
De dia, pica no pau,
De noite, como tatu.
Pica-pau da beira d'água,
Quando choca, faz rãe-rãe;
Pica em si, pica na gente,
Pica até na sua mãe.
Pica-pau, de noite escura
P'ra picar não tem certeza;
Ele só pica de dia,
De noite, cai na fraqueza.
O pica-pau, na alvorada,
Abre as asas p'ra voar;
De noite tomou descanso
De dia só quer furar.
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