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Cancioneiro guasca
O canto do farrapo
I
Ando só nestas verdes coxilhas,
Nestes pagos eu piso atrevido.
Sou gaúcho, sou guasca largado,
Sou, por quebra, de todos temido!
Cá não temo, no rancho de palha,
Galeguinhos que vêm da cidade
Sei valente suster nas batalhas
O fulgor da feliz liberdade.
Quero ver essa tal Majestade;
Que apareça esse rei tão falado;
Quero ver se me pisa no poncho,
Sem sair ele mesmo pisado.
Que apareça esse testa c'roada,
Esse bicho escondido no trono:
Que se chegue, sequer para sempre
Nos infernos dormir tredo sono.
II
P'ra que quero mais glórias na vida,
Se de glórias transborda meu carro?
Já peleei junto ao Neto valente,
Militei com David Canabarro.
Fui soldado de Bento Gonçalves,
João Antônio me viu a seu lado;
Na peleia fui sempre valente,
Sempre guapo no pingo montado.
Esse grande imortal Garibaldi,
Que da Itália veio por guapo,
Teve em mim um fiel companheiro,
Destemido, valente Farrapo.
Andei junto na guerra a Portinho,
Das façanhas eternas, virentes;
Combati com Frutuoso, com Guedes,
Trabuzanas famosos, valentes.
III
De Rio Pardo me achei na batalha;
Que vertesse meu sangue, Deus quis,
No recontro imortal, legendário,
Que - porongos - na história se diz.
Ponche Verde foi outra peleia
Onde a vida arrisquei pelos meus,
E se lá não tombei retalhado,
É que a vida é guardada por Deus.
Nas peleias mais rijas, cruentas,
Sempre firme na frente me achei;
Que na frente é o lugar dos Farrapos
Que combatem com crença na lei.
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