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Lendas do Sul
A Mboitatá
VIII
Mas, como dizia:
na escuridão só avultava o clarão baço do corpo da boitatá, e era por ela que o
téu-téu cantava de vigia, em todos os flancos da noite.
Passado um tempo, a boitatá morreu; de pura fraqueza morreu, porque os olhos comidos
encheram-lhe o corpo mas não lhe deram sustância, pois que sustância não tem a luz que os olhos
em si entranhada tiveram quando vivos.
Depois de rebolar-se rabiosa nos montes de carniça, sobre os couros pelados, sobre as carnes
desfeitas, sobre as cabelamas soltas, sobre as ossamentas desparramadas, o corpo dela
desmanchou-se, também como cousa da terra, que se estraga de vez.
E foi então, que a luz que estava presa se desatou por aí.
E até pareceu cousa mandada: o sol apareceu de novo!.
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