Cancioneiro guasca
Ao chefe dos rebeldes, Bento Gonçalves da Silva

Pudeste, ó monstro, quase num momento,
Ferir a pátria, de tartárea guerra;
Fazer pudeste o campo, o vale, a serra
Covis de feras, de ladrões assento.

D'estrago e luto lágrimas sedento
Entregue à fúria, que teu peito aferra,
Pudeste converte formosa terra
D'eterno horror em vasto monumento!

Mas não conseguirás, monstro nefando,
De sangue fraternal embriagado,
Sobre o trono exercer horrível mando;

Dos tiranos te espera a sorte, o fado;
Ou nas mãos do verdugo terminando
Ou de Marte nos campos, fulminado!

(Publicado em 1836 no jornal
"Mercantil" de Rio Grande.)


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